PRÁTICAS DE PRODUÇÃO DE TEXTO
ATIVIDADE Nº 4
Comunicação é agir sobre os outros, atuar sobre os leitores ou os ouvintes.
Até este momento, aprendemos duas maneiras de atuar:
Pelo período declarativo (assertivo), que solicita do ouvinte (ou leitor) que aceite as nossas ideias (acredite nelas) ou participe dos sentimentos (que se comova, que se encante): pretende provocar nos outros uma atuação interna.
Pelo período interrogativo (total ou parcial), que solicita uma resposta no diálogo: o ouvinte (ou o leitor) deve dar uma informação, participar do diálogo, dar uma resposta: pretende uma atuação linguística, uma atividade de linguagem.
Existe, em comunicação, um terceiro modo de agir sobre os outros: o período imperativo. O período imperativo exige dos outros um acontecimento, uma atitude externa (externa à pessoa, externa ao diálogo): solicita um acontecimento, isto é, que aconteça alguma coisa: que o ouvinte faça algo, que aconteça determinado fato, que os próprios falantes executem determinada tarefa.
EXEMPLOS
Período declarativo: O menino abre a porta.
Período imperativo: Abra a porta, menino!
Período declarativo: Lúcia fecha as janelas.
Período imperativo: Feche as janelas, Lúcia!
Período declarativo: Fazemos a nossa proposta.
Período imperativo: Façamos a nossa proposta!
Período declarativo: Deus te abençoa.
Período imperativo: Deus te abençoe!
Período declarativo: A sorte grande cai para você.
Período imperativo: A sorte grande caia para você!
Observação:
Essa solicitação de um acontecimento pode representar uma ordem, um pedido, um desejo: não importa, pois, quem fala quer que aconteça algo.
Nos dois últimos exemplos, quem deve fazer não é nem o ouvinte, nem o falante (Deus e a sorte grande). Há quem afirme que tais períodos exprimem um desejo e os chamam de optativos. Mas não há fundamental diferença com as outras. Muitos desses períodos você pode iniciar com o vocábulo que:
Que Deus te abençoe!
Que os raios te partam!
ESCLARECIMENTO:
Estamos dando um Curso de Português por módulos a colegas de magistério, que já falam português. Não estamos seguindo a sequência em que um bebê aprende a língua portuguesa. Uma criança, em casa com a mãe, aprende primeiro a escutar (e entender) períodos imperativos: Bata palminha! Mostre o nariz! Etc.
Quando passa a entender, a criança passa a fazer (acontecimento externo) o que se lhe pede. Mais tarde começa a falar, repetindo esses períodos que primeiro ouve durante muito tempo. Só mais tarde chega aos períodos declarativos: “Quero bolacha.” etc.
Estamos ensinando a adultos, não a crianças. Portanto, escolhemos também um caminho diferente. Nosso objetivo também é ensinar a ler e escrever por intermédio dos módulos. (Não é um sistema de ensinar a escutar e a falar.)
Neste módulo, vamos ensinar apenas períodos imperativos, em que o ouvinte seja apenas você ou vocês. Não vamos ensinar, nesta série, períodos imperativos com o ouvinte tu ou vós. O motivo é muito simples: o colega jamais é obrigado a usar essas duas últimas formas.
As outras formas de tratar os ouvintes, formas de tratamento o senhor, a senhora, a senhorita, Vossa Senhoria, Vossa Excelência, que talvez tenha que usar, se comportam exatamente como você e vocês.
PROCEDIMENTO:
Para transformar um período declarativo em imperativo, proceda do modo seguinte:
EXEMPLOS
Meu filho estuda a lição. Estuda a lição, meu filho!
Jogue o centro de interesse para o final do período, separando por vírgula. Você, na realidade, poderá proceder de dois modos, ou omite totalmente a expressão meu filho, que é chamado vocativo, ou pode colocar um ó na frente: Estude a lição, ó meu filho! O centro de interesse passa a ser você, mesmo oculto, não escrito: Estude (você) a lição, meu filho!
É preciso mudar o verbo: (estuda). Se terminar em a mude para e; se terminar em e, mude no período imperativo para a.
P.D. Minha filha guarda a boneca.
P.I. Guarde a boneca, minha filha!
P.D. Lúcia estende a roupa.
P.I. Estenda a roupa, Lúcia!
P.D. Meu afilhado reparte os doces com os irmãos.
P.I. Reparta os doces com os irmãos, meu afilhado!
Atenção: Há verbos em que a transformação não é tão simples assim.
EXEMPLO
Período declarativo: Meu neto ouve as palavras de seu pai. Ouça as palavras de seu pai, meu neto!
Ora, em ouve você logo há de notar que se trata do verbo ouvir. Para não errar, imagine um período que comece com agora:
Ouvir: agora eu ouço.
Dizer: agora eu digo.
São pouquíssimos os verbos em que tal recurso não funciona. E esses você provavelmente não vai errar, porque já está muito acostumado a usá-los.
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