PRÁTICAS DE PRODUÇÃO DE TEXTO
ATIVIDADE Nº 5
Voltemos primeiro a um exemplo conhecido:
A rua está molhada, porque choveu.
Efeito. Causa.
Fato principal. Fato secundário.
Entretanto, em português, é possível dizer ou escrever exatamente ao contrário:
Choveu, porque a rua está molhada.
Fato principal. Fato secundário.
E se trata de algo completamente diferente; pois, é evidente que o molhamento da rua não pode ser a causa da chuva ou a chuva ser o efeito, a consequência, do molhamento da rua. (Se fosse, seria uma beleza na terrível época de seca: a gente molhava a rua... e então necessariamente teria que chover!)
Choveu, porque a rua está molhada.
Nesse caso, o segundo fato, porque a rua está molhada, é a causa não da chuva, mas é a causa ou o motivo por que eu disse que choveu. É preciso imaginar o seguinte: alguém não observou a chuva, talvez por estar trabalhando completamente absorto num escritório ou por estar dormindo durante todo o tempo. Agora, essa pessoa olha pela janela e não mais está chovendo, mas ela observa as ruas e as árvores totalmente molhadas. Que conclusão poderá tirar desta consideração? O seu raciocínio só pode chegar a uma conclusão: é que choveu. E ele dirá:
Choveu, porque a rua está molhada.
Conclusão Consideração
Fato principal Fato secundário
Preferimos chamar de conclusão, porque se trata de puro raciocínio – esta conclusão de que choveu. Não é algo que se tenha verificado pelos cinco sentidos.
Neste caso, a nossa língua não apresenta os dois fatos na relação de causa e efeito, mas na relação de conclusão (dedução lógica) e consideração. A conclusão é o primeiro fato e o fato principal; a consideração é o segundo fato e o fato secundário.
De certa maneira, seria fácil confundir a relação de causa e efeito com a relação de conclusão e consideração: porque em ambas as relações aparecem (algumas) expressões iguais: porque, porquanto e já que; essas expressões introduzem a "causa" (consideração), o motivo por que se preferiu, e o fato principal, a conclusão.
Entretanto, com um pouco de atenção é possível distinguir entre os dois períodos:
A rua está molhada, porque choveu.
Choveu, porque a rua está molhada.
Na relação de conclusão baseada numa consideração, o fato principal (Choveu) não é o efeito do outro fato.
Depois da conclusão, surge a consideração introduzida pelas expressões porque, porquanto e já que, mas não pelas demais expressões que indicam a causa (Ver o módulo nº 3).
Na relação de conclusão e consideração, na fala, ocorre pausa maior e tom de voz diferente para o fato da consideração. (Experimente, com naturalidade, dizer – não ler – em voz alta, os dois períodos citados acima).
Vejamos um outro exemplo de José Lins do Rego em Menino de Engenho:
O povo gostava de ver o rio cheio..., porque era uma alegria por toda a parte.
O 2º fato, porque era uma alegria por toda a parte, é a explicação (o motivo) do porquê Lins do Rego escreveu que “o povo gostava de ver o rio cheio”.
O 1º fato, o principal “o povo gostava de ver o rio cheio” é a conclusão a que ele chegou, depois de observar que “era uma alegria por toda parte”. Assim, só podia ser uma a conclusão: “O povo gostava de ver o rio cheio”.
EXERCÍCIO Nº 9
Enumere a segunda coluna de acordo com a primeira:
2 1. Soprou violenta ventania, porque caíram muitas árvores.
1 2. O menino refez a conta, porque o resultado estava errado.
1 3. Fui aprovado, porque estudei muito.
2 4. Fez prolongada seca, porque o riacho secou.
2 5. Choveu muito, porque a terra ficou encharcada.
2 6. A lâmpada está queimada, porque não acende.
2 7. Faz muito frio, porque todos andam bem agasalhados.
1 8. Encontraram facilmente lugar, porque chegaram cedo.
2 9. Os cães perceberam um ladrão, porque latiram furiosamente.
1 10. Os cães latiram furiosamente, porque perceberam um ladrão.
EXERCÍCIO Nº 10
EXEMPLOS
Vovó não sabe o fim da novela, porque adormeceu na poltrona.
Efeito Causa
Vovó adormeceu na poltrona, porque não sabe o fim da novela.
Conclusão Consideração
Observação: Você não viu a avó adormecer, mas considerando o fato de que, sentada na poltrona na frente do televisor, ela não sabe o fim da novela, você chega a uma conclusão: ela adormeceu e é, por isso, que ela não sabe o fim da novela.
Transforme os períodos de relação de causa e efeito na relação de conclusão e consideração.
EXEMPLO O menino veio correndo, porque foi chamado pelo pai.
Resposta: O menino foi chamado pelo pai, porque veio correndo.
1 O Brasil usa a língua portuguesa, porque foi colonizado pelos portugueses.
1 O Brasil foi colonizado pelos portugueses, porque (porquanto, já que) usa a língua portuguesa.
2 A planície ficou alagada, porque o rio transbordou.
2 O rio transbordou, porque (porquanto, já que) a planície ficou alagada.
3 Nosso vizinho enriqueceu, porque economizou muito.
3 Nosso vizinho economizou muito porque (porquanto, já que) enriqueceu.
4 O calor está aumentando, porque começou o verão.
4 Começou o verão, porque (porquanto, já que) o calor já está aumentando.
5 O fazendeiro conseguiu secar o terreno, porque abriu grandes valos.
5 O fazendeiro abriu grandes valos, porque (porquanto, já que) conseguiu secar o terreno.
6 As estrelas se apagam, porque o sol começa a brilhar.
6 O sol começou a brilhar, porque (já que, porquanto) as estrelas se apagam.
7 A cortina fica esvoaçando, porque entra vento pela janela.
7 Entra vento pela janela, porque (porquanto, já que) a cortina fica esvoaçando.
8 O rapaz resolveu o problema facilmente, porque é muito inteligente.
8 O rapaz é muito inteligente, porque (já que, porquanto) resolveu facilmente o problema.
9 Os viajantes se deitaram na sombra, porque estavam muito cansados.
9 Os viajantes estavam muito cansados, porque (já que, porquanto) se deitaram na sombra.
10 Mamãe acendeu a luz, porque estava muito escuro para ler.
10 Estava muito escuro para ler, porque (porquanto, já que) mamãe acendeu a luz.
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