quinta-feira, 2 de setembro de 2021

131º 7.20 - MÓDULO 9: ASSUNTO E CONCLUSÃO

 PRÁTICAS DE PRODUÇÃO DE TEXTO


ATIVIDADE Nº 5

Voltemos primeiro a um exemplo conhecido:





A rua está molhada, porque choveu.

Efeito.                   Causa.

Fato principal.         Fato secundário.


Entretanto, em português, é possível dizer ou escrever exatamente ao contrário:



Choveu, porque a rua está molhada.

Fato principal.    Fato secundário.


E se trata de algo completamente diferente; pois, é evidente que o molhamento da rua não pode ser a causa da chuva ou a chuva ser o efeito, a consequência, do molhamento da rua. (Se fosse, seria uma beleza na terrível época de seca: a gente molhava a rua... e então necessariamente teria que chover!)

Choveu, porque a rua está molhada.

Nesse caso, o segundo fato, porque a rua está molhada, é a causa não da chuva, mas é a causa ou o motivo por que eu disse que choveu. É preciso imaginar o seguinte: alguém não observou a chuva, talvez por estar trabalhando completamente absorto num escritório ou por estar dormindo durante todo o tempo. Agora, essa pessoa olha pela janela e não mais está chovendo, mas ela observa as ruas e as árvores totalmente molhadas. Que conclusão poderá tirar desta consideração? O seu raciocínio só pode chegar a uma conclusão: é que choveu. E ele dirá:



Choveu, porque a rua está molhada.

Conclusão          Consideração

Fato principal     Fato secundário


Preferimos chamar de conclusão, porque se trata de puro raciocínio – esta conclusão de que choveu. Não é algo que se tenha verificado pelos cinco sentidos.

Neste caso, a nossa língua não apresenta os dois fatos na relação de causa e efeito, mas na relação de conclusão (dedução lógica) e consideração. A conclusão é o primeiro fato e o fato principal; a consideração é o segundo fato e o fato secundário.

De certa maneira, seria fácil confundir a relação de causa e efeito com a relação de conclusão e consideração: porque em ambas as relações aparecem (algumas) expressões iguais: porque, porquanto e já que; essas expressões introduzem a "causa" (consideração), o motivo por que se preferiu, e o fato principal, a conclusão.


Entretanto, com um pouco de atenção é possível distinguir entre os dois períodos:

A rua está molhada, porque choveu.

Choveu, porque a rua está molhada.


Na relação de conclusão baseada numa consideração, o fato principal (Choveu) não é o efeito do outro fato.

Depois da conclusão, surge a consideração introduzida pelas expressões porque, porquanto e já que, mas não pelas demais expressões que indicam a causa (Ver o módulo nº 3).

Na relação de conclusão e consideração, na fala, ocorre pausa maior e tom de voz diferente para o fato da consideração. (Experimente, com naturalidade, dizer – não ler – em voz alta, os dois períodos citados acima).


Vejamos um outro exemplo de José Lins do Rego em Menino de Engenho:

O povo gostava de ver o rio cheio..., porque era uma alegria por toda a parte.


O 2º fato, porque era uma alegria por toda a parte, é a explicação (o motivo) do porquê Lins do Rego escreveu que “o povo gostava de ver o rio cheio”.


O 1º fato, o principal “o povo gostava de ver o rio cheio” é a conclusão a que ele chegou, depois de observar que “era uma alegria por toda parte”. Assim, só podia ser uma a conclusão: “O povo gostava de ver o rio cheio”.



EXERCÍCIO Nº 9 

Enumere a segunda coluna de acordo com a primeira:


2 1. Soprou violenta ventania, porque caíram muitas árvores.  

1 2. O menino refez a conta, porque o resultado estava errado.       

1 3. Fui aprovado, porque estudei muito.              

2 4. Fez prolongada seca, porque o riacho secou.         

2 5. Choveu muito, porque a terra ficou encharcada.        

2 6. A lâmpada está queimada, porque não acende.        

2 7. Faz muito frio, porque todos andam bem agasalhados.       

1 8. Encontraram facilmente lugar, porque chegaram cedo.      

2 9. Os cães perceberam um ladrão, porque latiram furiosamente.       

1 10. Os cães latiram furiosamente, porque perceberam um ladrão.     


EXERCÍCIO Nº 10 

EXEMPLOS

Vovó não sabe o fim da novela, porque adormeceu na poltrona.   

Efeito                                           Causa

Vovó adormeceu na poltrona, porque não sabe o fim da novela.   

Conclusão                                  Consideração


Observação: Você não viu a avó adormecer, mas considerando o fato de que, sentada na poltrona na frente do televisor, ela não sabe o fim da novela, você chega a uma conclusão: ela adormeceu e é, por isso, que ela não sabe o fim da novela.


Transforme os períodos de relação de causa e efeito na relação de conclusão e consideração.


EXEMPLO  O menino veio correndo, porque foi chamado pelo pai.       

Resposta: O menino foi chamado pelo pai, porque veio correndo.        


1 O Brasil usa a língua portuguesa, porque foi colonizado pelos portugueses.

1 O Brasil foi colonizado pelos portugueses, porque (porquanto, já que) usa a língua portuguesa.


2 A planície ficou alagada, porque o rio transbordou.

2 O rio transbordou, porque (porquanto, já que) a planície ficou alagada.


3 Nosso vizinho enriqueceu, porque economizou muito.

3 Nosso vizinho economizou muito porque (porquanto, já que) enriqueceu.


4 O calor está aumentando, porque começou o verão.

4 Começou o verão, porque (porquanto, já que) o calor já está aumentando.


5 O fazendeiro conseguiu secar o terreno, porque abriu grandes valos.

5 O fazendeiro abriu grandes valos, porque (porquanto, já que) conseguiu secar o terreno.


6 As estrelas se apagam, porque o sol começa a brilhar.

6 O sol começou a brilhar, porque (já que, porquanto) as estrelas se apagam.


7 A cortina fica esvoaçando, porque entra vento pela janela.

7 Entra vento pela janela, porque (porquanto, já que) a cortina fica esvoaçando.


8 O rapaz resolveu o problema facilmente, porque é muito inteligente.

8 O rapaz é muito inteligente, porque (já que, porquanto) resolveu facilmente o problema.


9 Os viajantes se deitaram na sombra, porque estavam muito cansados.

9 Os viajantes estavam muito cansados, porque (já que, porquanto) se deitaram na sombra.


10 Mamãe acendeu a luz, porque estava muito escuro para ler.

10 Estava muito escuro para ler, porque (porquanto, já que) mamãe acendeu a luz.



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